quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Para sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura,
ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe,
na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre junto de seu filho
e ele,
velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

Saudade de minha mãe, Terezinha Holanda de Andrade, que partiu no dia 27/11/08.

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns pelo blog, está muito interessante, diversificado e atual.

Até fevereiro:

José Carlos

Unknown disse...

Realmente é muito lindo este poema de drummond! Parabéns pelo blog...